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"O Corpo como Relicário" se apresenta em Campinas

06/09/2017 O espetáculo de dança contemporânea “O Corpo como Relicário” será apresentado em Campinas, no CIS-Guanabara, nesta terça e quarta-feira, dias 5 e 6 de setembro, às 20h, com entrada gratuita. 

O projeto artístico do Núcleo BPI, daUnicamp, chega pela primeira vez à cidade. A estreia ocorreu nos dias 26 e 27 de agosto no galpão da Fábrica Flaskô, em Sumaré, local onde foram realizados os ensaios durante nove meses de processo de criação e execução do espetáculo. No fim de semana passado, dias 2 e 3, abriu o 13º Festival de Teatro do TPC - Teatro Popular de Comédia, de Ribeirão Preto. Agora é a vez de Campinas receber as apresentações.

“O Corpo como Relicário” é dirigido pela professora titular do Instituto de Artes da Unicamp, Graziela Rodrigues. Este espetáculo congrega o trabalho de pesquisa da diretora e de sete bailarinos-pesquisadores-intérpretes, todos artistas pesquisadores da pós-graduação em Artes da Cena, com a participação de mais três alunas da graduação em dança do Instituto de Artes da Unicamp.

Constituído de sete espaços com seus respectivos personagens, os ambientes de relicários trazem uma apuração de pesquisas de campo de cada intérprete, temas de anos de estudo e pesquisa acadêmica, com teses defendidas de mestrado e doutorado. Foram pesquisados: benzedeiras ribeirinhas (AM), parteiras Pankararu (PE), quebradeiras de coco babaçu (MA), baianas de escolas de samba (SP), ciganos (SP), folguedos do Boi (MG, MA, MT) e a comunidade dos Arturos (MG). Os temas norteiam a cenografia, o figurino, composto ainda por instrumentos musicais. Entre eles, chocalho, tambor, gunga - um instrumento usado nas Congadas pelo Brasil mineiro e máscaras da festa do divino e das cavalhadas de Pirenópolis, em Góias, utilizados pelos bailarinos para recepcionar o público estes elementos vão sendo desenvolvidos ao longo do espetáculo.

Como pesquisa de campo para este projeto, o Núcleo BPI esteve por 11 dias em Pirenópolis, no mês de maio e junho deste ano, quando o grupo fez pesquisas in loco nestas tradições populares. Junto às pesquisas de movimentos foram realizados laboratórios permanentes, com vivência real dos intérpretes durante as manifestações do Divino através das folias, dos festejos dos mascarados, das cavalhadas e, inclusive, com participação dos pesquisadores no cotidiano interno das festas, como o das cozinhas dos festejos.

Nos ‘espaços-relicários’ os movimentos dos bailarinos apresentam a luta contra o aniquilamento de um povo; o esforço e a compaixão em trazer à vida a despeito da falta de tudo; o despedaçar-se num cotidiano compensado pela transcendência; a fome constante e a busca pela sobrevivência; o desterramento e a manutenção dos valores no próprio corpo; o peito transpassado pelo dor que também alimenta; e o acolhimento daquilo que é rechaçado. São tradições tão antigas que ao mesmo apresenta uma informação tão contemporânea da condição humana, que trazem à memória um povo.

Mais sobre o Núcleo BPI
A pesquisa artística do Núcleo BPI centraliza-se no processo criativo a partir do desenvolvimento de uma identidade do corpo de cada intérprete. Essa identidade é desenvolvida na relação do intérprete com segmentos sociais brasileiros específicos e/ou manifestações populares brasileiras, contatados em pesquisas de campo.

Os espetáculos no Método BPI (Bailarino-Pesquisador-Intérprete) vêm sendo desenvolvidos de forma contínua desde 1980 com a criação, atuação, e posterior direção, de Graziela Rodrigues.

A partir de 1987, o Método BPI passou a ser desenvolvido no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, com o trabalho de Graziela Rodrigues na Graduação em Dança e na Pós-Graduação em Artes da Cena como Docente e Pesquisadora. Dentro da universidade deu-se seguimento às produções artísticas de forma contínua e a instauração oficial do Grupo de Pesquisa Núcleo BPI, que apresenta desde então um trabalho genuíno da busca de um movimento corporal legitimamente brasileiro.

Todos os espetáculos dentro do método estiveram ligados às pesquisas de campo de segmentos sociais específicos e/ou manifestações populares do Brasil. Entre os temas já abordados estão Mulheres Candangas, Stripteasers, Bóias-Frias, Cortadoras de Cana, Moradoras de Rua, Colhedoras de Café, Mulheres Xavante, além de pesquisas em Terreiros de Umbanda, Comunidades Caiçaras, Festividades do Ciclo do Divino, Folguedos do Boi, dentre outras. Todas as pesquisas foram realizadas pelo método e seu corpo de bailarinos-pesquisadores.

O espetáculo “O Corpo como Relicário” é uma realização do Núcleo BPI por meio do apoio do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de SP (ProAC Edital 04/2016) e da FAEPEX - Fundo de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da Unicamp. Conta com a parceria da Flaskô, do Instituto de Artes da Unicamp / Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Grupo TPC - Teatro Popular de Comédia, de Ribeirão Preto.

Serviço:
Dança: espetáculo "O Corpo como Relicário"
Local: CIS-Guanabara. Rua Mario Siqueira, 829, Botafogo - Campinas
Datas: 5 e 6 de setembro
Horário: 20h
Entrada: grauita. Retirar senha no local meia hora antes do início
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